No Templo Romano de Évora há mármore "de Estremoz"- como toda a pedra da região do anticlinal é conhecida. Desde sempre utilizado na construção de monumentos, com altos e baixos ao longo dos séculos mas com um forte incremento ultramarino a partir do período das Descobertas, o mármore da região viu a sua actividade florescer no século XIX à luz das revoluções da industrialização europeia. Então, com o caminho-de-ferro à porta, as características únicas destas jazidas - a sua abundância, a sua estrutura geológica de pedra translúcida e cristalina, as variedades das suas cores e tons - encontraram, no período de expansão desta indústria por toda a Europa, uma porta bem aberta.
Esse longo ciclo de crescimento dos mármores conteve-se nos últimos anos: em 2005, o mármore de Portugal ainda ocupava o oitavo lugar mundial como produtor de mármore com uma produção aproximada de três milhões de toneladas, cerca de um décimo do primeiro produtor – a China. No entanto, desde então, emergiram novos mercados com preços extremamente competitivos tais como o Egipto, Irão, Índia, Brasil, Turquia, etc.: hoje, existirão no anticlinal de Estremoz cerca de 500 locais onde se exploraram mármores e há quatro anos estariam em laboração perto de 200; em 2007, o número de pedreiras activas não ultrapassava as 80.
Propomos assim refazer a evolução deste recurso natural, ao longo dos séculos, nesta região do anticlinal, em pedreiras activas, outras desactivadas, indústrias transformadoras e todo o património que teima em permanecer. Propomos um fresco inusitado de mais de 2000 anos de história humana e muitos mais de variante geológica, para que nunca olhe para o mármore do Alentejo da mesma maneira.